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REDAÇÃO E TEXTUALIDADE DE MARIA DA GRAÇA COSTA VAL


O livro “Redação e textualidade”, da autora Maria da Graça Costa Val, divide-se em duas partes: a primeira aborda o assunto texto, textualidade, coerência e coesão, fatores pragmáticos da textualidade e coloca alguns critérios para a análise da coerência e da coesão, como: a continuidade, a progressão, a não-contradição, a articulação e também a escritora aborda os critérios para a análise da informatividade, tais como: imprevisibilidade, suficiência de dados.


Já a segunda parte traz a análise de cem redações do vestibular da Universidade de Minas Gerais.


Nessa perspectiva, primeiramente a autora faz uma explicação para situar o leitor, a respeito do que vem a ser um texto, quais as características de um texto, quanto podemos chamar algo de texto e não apenas um amontoado de palavras.


Conforme a autora, para que um texto seja considerado texto é necessário que possua uma relação sociocomunicativa, semântica e formal; isso é muito importante, pois na segunda parte desse livro a escritora faz o estudo de algumas redações, e pode-se perceber que tais aspectos não são encontrados.

Um texto será bem compreendido quando ele atingir os seguintes fatores:


→ o pragmático, que tem a ver com seu funcionamento enquanto atuação informacional e comunicativa;

→ o semântico-conceitual, de que depende sua coerência;

→ o formal, que diz respeito à sua coesão.

Entre os cinco fatores pragmáticos estudados , os dois primeiros se referem aos protagonistas do ato de comunicação: a intencionalidade e a aceitabilidade.

A intencionalidade , quer dizer a capacidade do produtor do texto, produzi-lo de maneira coesa, coerente, capaz de alcançar os objetivos que tinha em mente, em uma determinada situação de comunicação.

A aceitabilidade é se o que o produtor produziu pode ser considerado um texto, se alcançou o objetivo proposto quando chegou até o locutor, ou seja, pode-se ser considerado um texto, possui coerência, coesão, é relevante, traz informatividade, é útil para o leitor, tudo isso vai direcionar se realmente é um texto.

A situacionalidade, diz respeito à pertinência e relevância entre o texto e o contexto onde ele ocorre, isto é, é a adequação do texto à situação sociocomunicativa. É o que diz Maria da Graça Costa Val, “O contexto pode, realmente, definir o sentido do discurso e, normalmente, orienta tanto a produção quanto a recepção. Em determinadas circunstâncias, um texto menos coeso e aparentemente menos claro pode funcionar melhor, ser mais adequado do que outro de configuração mais completa”. (Costa Val, 1991, p.12)

Quanto à informatividade, aqui, vamos perceber o interesse do recebedor, pois, depende do grau de informação, para existir o interesse do leitor. Entretanto, Val faz um alerta, se o texto permanecer com elementos muito inusitados, correrá o risco do leitor não conseguir processá-la, então, fica o alerta, de produzir um texto mediano de informatividade.

Já o aspecto da intertextualidade, é a capacidade de relacionar o texto com outros textos já produzidos, assim, a utilização de um texto, depende do conhecimento de outros textos que já circulam socialmente. Muitos textos só têm sentido quando relacionados a outros textos.

O semântico-conceitual, de que depende sua coerência. A coerência do texto deriva de sua lógica interna, é o sentido do texto. A esse respeito menciona Costa Val: “É considerada fator fundamental da textualidade, porque é responsável pelo sentido do texto. Envolve não só fatores lógicos e semânticos, mas também cognitivos na medida em que depende do partilhar de conhecimentos entre os interlocutores.” (Costa Val, 1991, p. 05)

Nessa perspectiva, um texto é considerado coerente quando partilhar informações também conhecidos pelo recebedor, isto é, conhecimentos que fazem parte da realidade de mundo desse leitor. Isso equivale a dizer que o texto não é pronto e acabado, mas vai adquirir sua complementação quando chega ao seu leitor. Assim, o leitor tem que deter de algumas informações para conseguir dá sentido ao texto.

O formal, que diz respeito à sua coesão. A coesão é a manifestação lingüística da coerência. Mas ela não é condição nem suficiência de coerência. Ela é responsável pela unidade formal do texto, constrói-se através de mecanismos gramaticais e lexicais.

Tal fato é comprovado nas análises das redações, porque o que é evidenciado é a preocupação com a estrutura formal. O que significa que os candidatos preocupam-se somente em fazer uma redação “certinha”, dividindo-a em três partes, ou seja, introdução, desenvolvimento e conclusão; sabemos que a escola enfatiza esse procedimento e também os cursinhos preparatórios de vestibular.


A preocupação centra-se apenas na estrutura como se o conteúdo não contasse, isto é, o semântico não é levado em consideração, o que ocasiona redações com falhas na coerência, coesão, informatividade, etc.


Nota-se na leitura das redações apresentadas é que muitas citam um determinado assunto, porém não dão continuidade; o assunto não é retomado, é simplesmente abandonado, ou o elemento é retomado a todo o tempo não dando progressão ao assunto, ficando sempre no mesmo lugar, parafraseando o que já foi dito.


Além disso, há falha no aspecto da contradição, pois muitas redações analisadas sobre o tema da violência social falam de fatos que não têm a ver com a nossa realidade. Muitos candidatos generalizam a violência social, colocando tal problema ocasionado pelos pobres, os menores abandonados, as favela, etc., como se todos os problemas sociais fossem por essas pessoas.


Finalmente, a articulação, aqui a autora fala como os fatos e conceitos se encadeiam no texto, ou seja, se as ideias se articulam umas com as outras; isso acontece quando o produtor do texto faz comentários, no entanto, não articula esses comentários, deixando o recebedor, leitor com dificuldade de entendimento.


Maria da Graça Costa Val chama a atenção do leitor para essas falhas e coloca esse problema como fruto de um estudo mecânico das redações na escola, ou seja, o professor pede que os alunos escrevam daquilo que eles não dominam, preocupando-se apenas com a estrutura dos textos, não proporcionando ao discente que desenvolva seu texto num processo natural, pois dessa maneira o estudante vai criando vínculo com a produção escrita, para que consiga desenvolver sua competência textual intuitiva.


Mas, ao contrário, a escola não proporciona isso aos alunos, e, sim, faz com que os discentes pensem que escrever é apenas colocar uma quantidade X de palavras em um tempo marcado, contado no relógio.


Assim, consoante Costa Val, é isso que gera essas falhas apontadas pela escritora, e também as condições a que esses candidatos são submetidos no ato de avaliação, no vestibular, fazendo com que eles fiquem nervosos e não consigam refletir, colocando no papel o que estão acostumados a ouvir, o que está na boca de todos.


O intuito desse texto é que possamos refletir sobre um assunto muito importante, o ato da escrita, porque desse jeito não pode continuar; escrever por escrever não importa o quê, importando apenas com a estética do texto; sabemos que só a estrutura não é importante, aliás, o mais importante é o conteúdo, e que possa desenvolver esse conteúdo com competência, para que um texto seja considerado um texto relevante.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

VAL, Maria da Graça Costa. Redação e Textualidade. São Paulo: Martns Fontes, 1991.