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Estudo sobre Canudos ( TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS NO BRASIL)

Canudos não se rendeu. Resistiu até o esgotamento completo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. Os Sertões

RESUMO

Este estudo tem por objetivo explicar alguns conceitos em relação à guerra de Canudos, acontecida em 1897, com o intuito de acabar com o arraial do Belo Monte, no sertão da Bahia, onde inexistiam diferenças sociais. Canudos foi o maior movimento nordestino de resistência à opressão dos latifundiários, movimento este que refletia a extrema miséria em que viviam as populações marginalizadas do sertão nordestino, que não sabiam a diferença entre monarquia e república. Essas pessoas iam para essa região em busca de uma vida melhor, com menos desigualdade entre as pessoas, entretanto, pagaram com a vida por um sonho de pazPalavras chave: 1- Os Sertões, 2- Guerra de Canudos, 3- Região de Canudos.


INTRODUÇÃO


Este estudo abordará alguns pontos da obra Os Sertões, de Euclides da Cunha. Os Sertões
foi publicado em 1902, é dividido em três partes: A Terra, O Homem e A Luta. Com uma linguagem de difícil entendimento, uma vez que possui muitos termos científicos. Tem por tema os personagens e cenários da insurreição de Canudos, em 1897, no norte da Bahia.


É considerado por muitos como a maior obra da literatura brasileira. Esse livro foi quase todo escrito, em São José do Rio Pardo, foi, no dizer de Euclides da Cunha, “escrito nos raros intervalos de folga de uma carreira fatigante”, quando foi enviado para região de Canudos, cuja função era observar e cobrir as operações militares nessa região.


O livro é resultado dessa viagem e observação, daquela inexplicável e sanguinolenta guerra civil, no fundo dos sertões ignotos da Bahia. O subtítulo já o denunciava: Campanha de Canudos (entre parênteses). Campanha militar narrada com tamanha exaltação na defesa dos diretos das vítimas e na condenação dos responsáveis por aquela tragédia nacional.


TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS NO BRASIL


O Brasil do final do século XIX foi marcado por inúmeras agitações sociais, desde movimentos separatistas como a Confederação do Equador, agitações abolicionistas, a própria abolição e até a República. O maior centro populacional do país, o Rio de Janeiro, também era considerado um grande centro comercial por intermediar os recursos da economia cafeeira, a capital inicia o século XX em uma situação realmente excepcional. A cidade era um espaço de confluência cultural e econômica que se comunicava com todo o país e acumulava recursos no comércio, nas finanças e já também nas aplicações industriais.


Ao mesmo tempo, com o processo de abolição e com a vinda de imigrantes, a cidade passava por uma superlotação, que demandava capital móvel para fazer o pagamento dos trabalhadores, agora livres. O então ministro da Fazenda, Rui Barbosa, dá início a um processo de incentivo às atividades na bolsa de valores, foi o chamado Encilhamento. Este processo causou uma confusão maior ainda na cidade, pois fortunas mudavam de mãos, dizia-se que “o rico de hoje era o tintureiro de ontem”, não se sabia mais quem possuía poder político ou econômico. Adiciona-se a essa confusão, a enorme e sempre crescente população da cidade que passou a se instalar em casarões formando cortiços e verdadeiros “antros de promiscuidade”.


Sob a influência das ideologias européias, o Estado brasileiro inicia o processo de Regeneração do Rio de Janeiro, que tem como objetivo “higienizar” a cidade, mandando a população pobre para a periferia (dando origem às favelas), e procurando construir uma imagem moderna para a capital do país. A Regeneração foi financiada por investidores estrangeiros que se aproveitavam da indirec rule, característica dominante no país. Além disso, a modernização da cidade facilitaria o espaço de fluxo de matéria-prima aos portos brasileiros, e assim, facilitaria a ação do imperialismo.


Na República, “confrontavam-se” Liberais, que se representavam basicamente pela elite paulista influenciada pelo cosmopolitismo progressista internacional e os Conservadores representados pela vanguarda republicana, positivista e militar, influenciada por estigmas de intolerância e isolamento. Na prática, os ideais destes dois grupos são indiferenciáveis: “nada mais conservador do que um liberal no poder”, a República dos Conselheiros se dava então, com o revezamento da gestão das duas classes.


Fortalecendo o movimento republicano, mesmo porque D. Pedro II havia boa parte de seu apoio político; somando-se a isso, a questão militar e a questão religiosa, foram fatos determinantes para a proclamada a República, assim em 15 de novembro de 1889 é proclamada a República, ou melhor, dizendo termina o regime monárquico.


A República não alterou a vida brasileira, pois, mais uma vez, caracterizou-se como um movimento das elites sem qualquer tipo de participação popular. Nas altas esferas políticas, o comando, contrariamente ao que ocorreu nas camadas populares, sofreu consideráveis alterações, pois o poder a partir de então ficaria distante das vestantes moderadoras de 1824.


Apartir de 1891 é proclamada uma nova constituição as notícias da nova República causou muitas revoltas entre os portugueses do Brasil que não queriam cortar os laços entre os dois países.


O primeiro presidente da República foi Marechal Deodoro da Fonseca. Esse período em que o poder foi assumido por militares, ficou conhecido como República da Espada.


Posteriormente aos militares os cíveis teriam total hegemonia sobre o poder (a exceção de Hermerda Fonseca em 1910 estabeleceu uma República baseada no poder das oligarquias). Governo de peneios que desviou até 1930, esse período ficou conhecido como República Velha.


Como a República era mais um sistema para as elites, a camada pobre estava vivendo em completa miséria. Então, as pessoas começaram a fugir para uma região chamada Canudos em busca de apoio, comida, enfim, procuram um modo para viver.


EUCLIDES DA CUNHA


Ensaísta e narrador extraordinário de Os Sertões, Euclides da Cunha é o primeiro escritor a encarar o gigantismo da terra brasileira, fazendo de sua obra um dos principais alicerces da consciência nacional.


Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo, Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1866. Viveu a infância e a adolescência em fazendas e cidades fluminenses, junto aos tios que o criaram a partir dos três anos, quando perdeu a mãe. Em 1885 entrou para a Escola Militar. Por atos de indisciplina, entre os quais ante a revista do ministro da Guerra atirar ao chão o sobre que deveria apresentar-lhe, em 1888 foi desligado do Exército. Passou a assinar colaboração para A Província de São Paulo, combatendo o governo e pregando a República. Reingressou na Escola Politécnica e, proclamada a República, foi readmitido no Exército e promovido.


Na Escola superior de guerra, fez os cursos de artilharia, engenharia militar, estado-maior e bacharelou-se em matemática, ciências físicas e naturais. Designado professor coadjuvante da Escola Militar, passou a escrever artigos sobre problemas políticos e sociais.


Em 1895 deixou o Exército e dedicou-se à engenharia civil. Em 1897, depois de publicar em O Estado de S. Paulo dois textos sobre a campanha de Canudos, foi convidado pelo jornal a ir à Bahia, onde presenciou os últimos momentos do conflito, matéria-prima de Os Sertões (1902).


Eleito em 1903 para a Academia Brasileira de Letras e para o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no ano seguinte partiu para a Amazônia como chefe da comissão de reconhecimento do Alto Purus: a experiência durou até 1905, inspirando-lhe o projeto de nova obra: Um paraíso perdido, que jamais escreveria.


Apreciação. Síntese de temperamento romântico e informação científica. Euclides da Cunha, principalmente em sua obra principal, Os Sertões, é um ensaísta e narrador de impetuosa originalidade. Encerra, em seu talento, a primeira transposição autêntica de um Brasil maior ainda não descoberto, geográfica e socialmente marginalizado pela civilização litorânea. Embora sua obra seja das mais elogiadas da literatura brasileira, continua, sob muitos aspectos, um desafio. Se de um lado se comunica pela paixão desabrigada, que tem raízes cravadas no fundo do romantismo, de outro, na consciência e nos meios, se orienta por um realismo didático e de caráter cientificista.


O resultado de uma linguagem singular, de vigorosa força dramática e ritmo febril, em que se confundem a fúria primitiva e o apuro civilizado. O leitor é arrebatado por uma irresistível vocação para o épico e depara com um heroísmo telúrico em que desponta pela primeira vez, sem concessão ao exótico ou ao pitoresco, e na própria substância da linguagem, a verdadeira paisagem e o verdadeiro homem brasileiro.


Com a formação marcada pelo positivismo, pela transição do Império para a República, pelos valores da classe média emergente e de olhos postos na Europa culta, Euclides da Cunha frequentemente assimilou como científico o que era ideológico. Mas nem o determinismo geográfico, nem o etnocentrismo de base colonialista o impediram de uma idealização em sentido contrário, que faz do sertanejo um herói “homérico”, um “titã”, um forte.


Torturado, filtrando em retórica explosiva a imagem crua da terra tropical, triunfa por sua energia criadora e apesar dos instrumentos conceituais ou metodológicos de seu tempo. De tal modo que, em determinada cenas e comparações, no que projeta de seu temperamento sobre o texto, como deformação expressiva, tem algo de expressionista avant la lettre.


Desbravador, consciência rebelde em conflito e busca de exatidão, entre ciência e arte, entre pesquisa e denúncia, Euclides da Cunha trouxe para o primeiro plano, para o centro de sua obra, o homem do interior do Brasil, “ensinando-nos – na expressão de Guimarães Rosa – o vaqueiro, sua estampa intensa, sua humanidade, sua história rude”. Por isso, se consagra como alicerce da consciência nacional, porta-voz de um otimismo crítico e sem veleidades ufanistas.


OBRAS


Os Sertões tem por tema os personagens e cenários da insurreição de Canudos em 1897, no nordeste da Bahia. Divide-se em três partes – A Terra, O Homem, A Luta –, ao longo das quais o autor analisa as características geológicas e hidrográficas da região, sua flora, sua fauna e a gente sofrida que faz a história daqueles dias: gente convulsionada pela esperança messiânica e pelo desespero social, capaz de resistir até os últimos frangalhos humanos.


Entre outras obras, Contrastes e Confrontos (1907), foi publicada em Portugal, abordando problemas político-sociais de âmbito nacional e internacional. A capacidade de síntese, a sinceridade e o vigor do estilo garantem-lhe a permanência, como a de Peru Versus Bolívia, do mesmo ano, em torno de um litígio entre os dois países. À margem da história (1909) tem um interesse adicional; os primeiros capítulos, quase metade do livro, constituiriam matéria esparsa da obra sobre a Amazônia. O ideário estético de Euclides aparece com clareza na conferência Castro Alves e seu tempo (1907), em seus prefácios (para Inferno Verde de Alberto Rangel e Poemas e canções de Vicente de Carvalho) e relatórios.


Ao voltar para o Rio de Janeiro, Euclides da Cunha trabalhou no Itamarati ao lado do barão do Rio Branco e em 1909 prestou concurso para a cadeira de lógica do Colégio Pedro II. Menos de um mês depois da nomeação, foi vítima de uma competição funesta e para qual nada lhe adiantava o gênio criador: surpreendido pelo adultério da mulher, procurou o amante (que era oficial do Exército, e atirador) e tentou sem êxito alveja-lo, sendo morto com um tiro que lhe foi disparado pelas costas, atravessando-lhe um pulmão, no Rio de Janeiro, em 15 de agosto de 1909 (seu filho, anos mais tarde, ao tentar a vingança, teve a mesma sorte).


CANUDOS : SOLO, FLORA, FAUNA E CLIMA


Todas traçam, afinal, elítica curva fechada ao sul por um morro, o da Favela, em torno de larga planura ondeante onde erigia o arraial de Canudos.


Galgava o topo da Favela. Ali estavam os mesmos acidentes e o mesmo chão, embaixo, fundamentalmente revolto, sob o indumento áspero dos pedregais e caatingas estonadas... Mas a reunião de tantos traços incorretos e duros – arregoados divagantes de algares, sulcos de despenhadeiros, socovas de bocainas, criava-lhe perspectiva inteiramente nova. E quase compreendia que os matutos crendeiros, de imaginativa ingênua, acreditassem que “ali era o céu...”


O arraial, adiante e embaixo, erigia-se no mesmo solo pertubado. Mas vistos daquele ponto, de perneio a distância suavizando-lhes as encostas e aplainando-os todos os serrotes breves e inúmeros, projetando-se em plano inferior e estendendo-se, uniformes, pelos quadrantes-, davam-lhe a ilusão de uma planície ondulante e grande.


Em roda uma elipse majestosa de montanhas...


Presa em uma dessas voltas via-se uma depressão maior, circundada de colinas... E atulhando-a, enchendo-a toda de confusos tetos incontáveis, um acervo enorme de casebres...


Os climas que divergem segundo as menores disposições topográficas, criando aspectos díspares entre lugares limítrofes.


Vai-se para o norte, salteiam-no transições fortíssimas: a temperatura; carrega o azul dos céus; embaciam-se os ares; e as ventanias rolam desorientadamente de todos os quadrantes.


Ao mesmo tempo espalha-se o regime excessivo: o termômetro oscila em graus disparatados passando, já em outubro, dos dias com 35 graus à sombra para as madrugadas.


Fere-a o sol e ela absorve os raios, e multiplica-os e reflete-os, e refrata-os, num reverberar ofuscante.


O dia, incomparável no fulgor, fulmina a natureza silenciosa em cujo seio se abate, imóvel, na quietude de um longo espasmo, a galhada sem folhas da flora sucumbida.


Desce a noite, e todo este calor se perde no espaço numa irradiação intensíssima, caindo à temperatura de súbito, numa queda única, assombrosa...


São dias esbraseados e noites frigidíssimas.


Copiando o mesmo singular desequilíbrio das forças que trabalham a terra, os ventos ali chegam, em geral, turbilhonando revoltos, em rebojos lagos. E, nos meses em que acentua, o nordeste grava em tudo sinais que lhe recordam o rumo.


Estas agitações dos ares desaparecem, entretanto, por longos meses, reinando calmarias pesadas – ares imóveis sob a placidez luminosa dos dias causticante. Imperceptíveis exercem-se, então, as correntes ascensionais dos vapores aquecidos sugando à terra a umidade exígua; e quando se prolongam, esboçando o prelúdio entristecedor da seca, a secura da atmosfera atinge a graus anormalíssimos.


Se ao assalto subtâneo se sucedem as chuvas regulares, transmudam-se os sertões revivescendo. Passam, porém, não raro, num giro célere, de ciclone. A drenagem rápida do terreno e a evaporação, que se estabelece logo mais viva, tornam-nos, outra vez, desolados e áridos. E penetrando-lhe a atmosfera ardente, os ventos duplicam a capacidade higrométrica e vão, dia a dia, absorvendo a umidade exígua da terra – reabrindo o ciclo inflexível das secas...


Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de um estepe nua.


Ao passo que a caatinga o afoga, repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bocejar imenso, de torturas, da flora agonizante...


As suas árvores, vistas em conjunto, semelham uma só família de poucos gêneros, quase reduzida a uma espécie invariável, divergindo apenas no tamanho.


As leguminosas, altaneiras noutros lugares, ali se tornam anãs. Atrofiam as raízes mestras batendo contra o subsolo. São os cajueiros anões, macambira, os caroás, os gravatás.


As nopaleas e cactos, nativas em toda a parte, entram na categoria das fontes vegetativas. Tipos clássicos da flora desértica.


As favelas têm nas folhas de célula alongadas em vilosidades, notáveis aprestos de condensação e defesa.


São deste número todas as plantas leguminosas e as catingueiras.


Os juazeiros, que raro perdem as folhas de um verde intenso.


Caracterizam a flora caprichosa na plenitude do estio.


Os mandacarus atingindo notável altura, raro aparecendo em grupos, assomando isolados acima da vegetação caótica, os xiquexiques, fracionam-se em ramos fervilhantes de espinhos, recursos e rasteiros, recamados de flores alvíssimas, os cabeças-de-frade, deselegantes e monstruosos melocactos de forma elipsoidal, e os quipás que se arrastam pelo solo, a Catanduva, mato doente, da etimologia indígena, dolorosamente caída sobre o seu terrível leito de espinhos.


Mas, em março reboam ruidosamente as trovoadas fortes, e sobre o solo, ressurge triunfalmente a flora tropical: os mulungus, as caraíbas e baraúnas, os marezeiros, os icozeiros, as moitas floridas do alecrim – dos tabuleiros, de caules finos e flexíveis.


O umbuzeiro é a árvore sagrada do sertão. Representa o mais frizante exemplo de adaptação da flora sertaneja.


Essa planta alimenta, mitiga a sede. E ao chegarem os tempos felizes dá-lhe os frutos de sabor esquisito para o preparo da umbuzada tradicional, seu fruto é o juá.


E o sertão é um paraíso...


Ressurge ao mesmo tempo a fauna resistente das caatingas: disparam pelas baixadas úmidas os caititus esquivos; passam em varas, pelas tigueiras, queixadas, sericóias o tapir.


As pombas bravas que remigram, e rolam as turbas turbulentas das maritacas estridentes... Segue o sertanejo tangendo a boiada farta e entoando a caatinga predileta.


Passam-se um, dois, seis meses venturoso, derivados da exuberância da terra, até que surdamente, pouco e pouco, caiam, as folha e as flores, e a seca se desenha outra vez nas ramagens mortas das árvores decíduas... e assim volta a seca novamente.


SERTANEJO


O sertanejo é, antes de tudo, um forte.


A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.


É desgracioso, desengonçado, torto, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos.


O gaúcho filho dos plainos sem fins, afeito às correrias fáceis nos pampas e adaptado a uma natureza carinhosa que o encanta tem certa feição mais cavalheirosa e atraente. A luta pela vida não lhe assume o caráter selvagem da dos sertões do norte. Não conhece os horrores da seca e os combates cruentos com a terra árida. Não tem, no meio das horas de felicidade, a preocupação do futuro, que é sempre um ameaça, tomando aquela instável e fugitiva.


As suas vestes são um traje de festa ante a vestimenta rústica do vaqueiro. As amplas bombachas, adrede talhadas para a movimentação fácil sobre os baguais. O poncho vistoso jamais fica perdido, embaraçado nos esgalhos das arvores garranchentas. E, rompendo pelas coxilhas, arrebatadamente na marcha do redomão desensofrido, calçando as largas botas russilhonas, em que retinem as rosetas das esporas de prata; lenço de seda, encarnado, ao pescoço; coberto pelo sombreiro de enormes abas flexíveis, e tendo à cinta, rebrilhando, presas pela guaiaca, a pistola e a faca é um vitorioso jovial e forte. O cavalo, sócio inseparável desta existência algo romanesca, é quase objeto de luxo. O gaúcho andrajoso sobre um pingo bem aparado está decente, está corretíssimo. Pode atravessar sem vexames os vilarejos em festa.
 Já o vaqueiro, porém, criou-se em condições opostas - tendo sobre a cabeça, como ameaça o sol.
 Atravessou a mocidade numa intercadência de catástrofes. Fez-se homem, quase sem ter sido criança.
 O seu aspecto recorda, vagamente, à primeira vista, o de guerreiros antigo exausto da refrega. As vestes são uma armadura. Envolto no gibão de couro curtido, de bode ou de vaqueta; apertado no colete também de couro; calçando as perneiras, de couro curtido ainda, muitas justas, cosidas às pernas e subindo até as virilhas, articuladas em joeiras de sola; e resguarda os pés de pele de veado - é como forma grosseira de um campeador medieval desgarrado em nosso tempo.


A sela da montaria é feita por ele mesmo. São acessórios: uma manta de pele de bode, um couro resistente, cobrindo as ancas do animal, peitorais que lhe resguardam o peito, e as joelheiras apresilhadas às juntas. Um colete vistoso de pele de gato do mato ou sucurana, com pêlo mosqueado virado para fora, ou uma bromília rubra e álacre fincada no chapéu de couro. – e cai na postura habitual, tosco, deselegante e anguloso, em um estranho manifestar de desnervamento e cansaço extraordinários.
 Quanto à religião está na fase religiosa de um monoteísmo incompreendido, repleto de misticismo extravagante, em que se rebate o fetichismo do índio e do africano.
É o homem primitivo, audacioso e forte, mas ao mesmo tempo crédulo, deixando-se facilmente arrebatar pelas supertições mais absurdas.
A sua religião é como ele – mestiça.

É um índice da vida de três povos. E as suas crenças singulares traduzem essa aproximação violenta de tendências distintas.

Muitas coisas são absurdas na devoção desse povo, mas há um que chamou atenção, quando fala das mães erguendo os filhos pequeninos e lutavam, procurando – lhes a primazia no sacrifício... O sangue espaçava sobre a rocha jorrando, acumulando-se em torno; afirmavam os jornais do tempo, isso era o fanatismo. Já para com a fé os sertanejos fizeram um templo prodigioso, monumento erguido pela natureza e pela fé, mais alto que as catedrais da terra.

Enfim, todas as profecias esdrúxulas de messias insanos; e as romarias piedosas; e as missões; e as penitências... Todas as manifestações complexas de religiosidades indefinidas são explicáveis.


DUAS SOCIEDADES DISTINTAS NORTE – SUL


Os sertões do norte refletem novos regimes, novas exigências biológicas. A raça inferior, o selvagem bronco, dominava-o; aliado ao meio vence-o, esmaga-o, anula-o na concorrência formidável.
Isto não aconteceu em grande parte do Brasil central e em todos os lugares do sul. E volvendo ao sul, no território que do norte de Minas Gerais para o sudeste progride até o Rio Grande, deparam0-se condições incomparavelmente superiores:

Uma temperatura anual média de 17 a 20 graus, num jogo mais harmonioso de estações; um regime mais fixa das chuvas que, preponderantes no verão, se distribuem no outono e na primavera de modo favorável às culturas. Atingindo o inverno, a impressão de um clima europeu é precisa.


São duas histórias distintas, em que se haveriam movimentos e tendências opostas. Duas sociedades em formação, alheadas por destinos rivais.


Ao passo que no sul se debuxavam novas tendências, uma subdivisão, maior na atividade, maior vigor no povo, mais heterogênio, vivaz, prático, aventureiro, largo movimento progressista; tudo isto contrastava com as agitações, às vezes mais brilhantes, mas menos fecunda, do norte.


Assim é fácil mostrar como esta distinção de ordem física esclarece as anomalias e contrastes entre os sucessos nos dois pontos do país; sobretudo no período agudo da crise colonial, no século XIII.


Enquanto o domínio holandês, centralizando-se em Pernambuco, na plenitude do século XVII o contraste se acentua.


Os homens do sul irradiam pelo país inteiro. Até aos últimos quartéis do século XVIII, o povoamento segue as trilhas embaralhadas das Bandeiras.


A formação brasileira do norte é muito diversa da do sul. As circunstâncias históricas, em grande parte oriunda das circunstâncias físicas, originaram diferenças inicias no elance das raças, prolongando-as até nosso tempo.


Quando as correrias do bárbaro à Bahia , Pernambuco, ou Paraíba, e os quilombos se escalavam pelas matas, nos últimos refúgios do africano revolto – o sulista, dê-lo a grosseria odisséia de Palmares, surgia como debelador clássico desses perigos, o empreiteiro predileto das grandes hecatombes.


O sul foi povoado pelos Bandeirantes; a região média, pelos vaqueiros, e no norte seco, pelas missões jesuíticas.


A MESTIÇAGEM NO BRASIL


“NÃO TEMOS UNIDADE DE RAÇA”


O Brasil era a terra do exílio; vasto presídio que se amedrontavam os heréticos e os relapsos da sombria justiça daqueles tempos. Deste modo nos primeiros tempos o número reduzido de povoadores contrasta com a vastidão da terra e a grandeza da população indígena.


Historicamente, os cruzamentos entre portugueses e negros se realizavam no litoral, porque o negro vinha para o trabalho escravo nos canaviais da costa brasileira. Entre portugueses e índios, realizaram - se no sertão, pois os gentios se refugiavam no agreste do interior, avessos ao trabalho por razões culturais.


O homem do sertão parece feito por um molde único, revelando quase os mesmos caracteres físicos, a mesma tez, variando brevemente do mameluco bronzeado ao cafuz trigueiro; cabelo corredio e duro ou levemente ondeado; a mesma envergadura atlética, os mesmos vícios, e as mesmas virtudes.


A uniformidade do norte é, inegavelmente, o tipo de uma subcategoria étnica já constituída.


A mistura de raças muito diversas é, na maioria dos casos, prejudicial. Ante as conclusões do evolucionismo, ainda quando reaja sobre o produto o influxo de uma raça superior. De sorte que o mestiço – traço de união entre as raças – é, quase sempre, um desequilibrado. Não há terapêutica para este embater de tendências antagônicas, de raças repentinamente aproximadas, fundidas num organismo isolado.


Para Euclides da Cunha, a mistura de raças diferentes é prejudicial, pois os sertanejos formavam uma raça forte.


O isolamento do povo fortalece a espécie, mas é fator determinante da estagnação, provocando o atraso, o conservadorismo, a igualdade de pensar... O isolamento torna-se retrógrado, mas não degenerado.


Euclides da cunha se baseava na teoria racial do final do século XIX, que afirmava ser a raça branca sinônimo de progresso, condenando a miscigenação.






ANTÔNIO CONSELHEIRO


Antônio Vicente Mendes Maciel, o conselheiro, nasceu em Quixeramobim, no Ceará. Trabalhou com o pai comerciante, que morreu ao se desentender com os Araújos, seus inimigos. Depois dos casamentos das irmãs, ele se casou logo, e desiludiu com a traição da companheira. Envergonhado, mudou-se, sem fixar; Sobral, Campo Grande, trabalhando como caixeiro e escrivão de juiz. Em Ipu , fugiu-lhe a mulher, acompanhando um soldado. Em Paus Brancos, alucinado, feriu um seu parente que o hospedara...


Reapareceu dez anos depois, nos sertões de Pernambuco e em Itabaiana, em 1874, impressionando os sertanejos: alto e magro, barba e cabelos desgrenhados e longos, túnica de brim americano azul, com uma corda na cintura, sandálias, alforje e chapéu de couro, ele pregava nos povoados uma doutrina confusa, que se misturava às rezas de dois catecismos que carregava “Missão Abreviada” e Horas Marianas”. Pregava o fim do mundo, a preparação para a morte, a penitência... A multidão o seguia, sem que ele a convocasse. Fazia prédicas e profecias, casamentos e batizados, reconstruía igrejas, muros de cemitérios... O clero o tolerava e procurava, deixando-o pregar, até mesmo contra a República, que interveio em ares regidas pela tradição e reservados à religião. Como aumentasse seu ataque, a igreja tentou interrompe-lo.


Em Bom Conselho, reuniu o povo num dia de feira e queimou as tábuas dos impostos, discordando das leis republicanas do governo de Satanás. O acontecimento repercutiu e a polícia reagiu. Perseguido, o conselheiro tomou a estrada de Monte Santo, defrontando-se com a tropa em Macete. Os 30 praças armados atacaram. Os jagunços os desbarataram.


O conselheiro – conhecedor do sertão – e seus seguidores tomaram o rumo do norte. Chegaram a Canudos, em 1893, uma fazenda abandonada às margens do rio Vaza-Barris. “Era o lugar sagrado, cingido de montanhas, onde não penetraria a ação do governo maldito”.


Antônio Conselheiro pregava contra a República, contra o governo do Anti-cristo e da lei do cão. “Mas não traduzia o mais pálido intento político”. Os jagunços, “rudes patrícios mais estrangeiros nesta terra do que os imigrantes da Europa”, não conseguiram diferenciar a República da Monarquia.


A GUERRA DE CANUDOS


Canudos era uma região no sertão baiano, que era uma área fustigada pelas secas e dominada pelo latifúndio, o que gerava em grau de miséria.


Aconteceu durante o governo de Prudente de Moraes (1892-1898), nessa época o Brasil tornou-se cenário de manifestações coletivas de um catolicismo ristico, não somente no nordeste, mas em especial no sertão nordestino.


Começaram a surgir os Beatos, entre eles destacou-se Antônio Conselheiro (Antônio Vicente Maciel), o mais conhecido Beato começou a trazer para seu redor inúmeros sertanejos movidos por sua fé. Estabeleceram a comunidade de Belo Monte, na qual o igualitarismo vinha em primeiro plano.


Os fazendeiros locais vinham como uma ameaça aos seus interesses, pois a pregação dos Beatos tinha um forte sentimento anti-republicano, o que colocava em questão o poder governamental, além disso, Canudos causava a fuga dos trabalhadores do comércio e das fazendas para o povoado.


Cada vez mais, o conselheiro era ouvido pelos sertanejos porque consolidava seu papel de líder e formava a cada dia, um séquito de “conselheirista”, dando-lhes a esperanças e ajuda na luta contra a guerra de uma organização social profundamente injusta.


“O arraial crescia vertiginosamente, coalhando as colinas”, sem ordem, sem ruas: um verdadeiro labirinto, com casa de pau-a-pique, habitadas por uma população multiforme, de sertanejos simples, beatas, ricos proprietários que abandonavam tudo em busca de salvação e por bandidos ali protegidos, que respeitavam as regras: rezar e fazer sacrifícios para alcançar a vida eterna. A igreja, uma fortaleza, a mais importante obra do conselheiro, estava diante da praça.Canudos era um labirinto de casas, ruas, e becos, onde cada sombra escondia um inimigo.


Sucessivas expedições militares tentaram sufocar os habitantes de Canudos, porém, a resistência dos sertanejos se fez de forma brilhante, quebrando ainda mais a moral do governo, pressionado pela opinião pública, que teria eminente revolta contra o regime.


O estopim da guerra de Canudos foi um episódio sem importância que faria explodir uma verdadeira tragédia.


Com a proximidade do término da construção da nova igreja de Belo Monte, Antônio Conselheiro solicitou, como de hábito ao coronel João Evangelista Pereira e Melo, a compra de madeira em Juazeiro, para a cobertura do templo.


Era julho de 1896, a madeira não foi entregue, o conselheiro enviou um grupo dos seus seguidores para apanhar a referida madeira, com isso o juiz de direito Arlindo Leoni, antigo desafeto do peregrino, mandou telegramas ao governador da Bahia Luiz Viana, avisando de uma possível invasão dos adeptos do conselheiro, e pedindo providências. Foi assim que surgiu a primeira expedição contra Canudos.


Canudos estava com mais de cinco mil casas, nas quais moravam cerca de 30000 pessoas. Após sucessivas batalhas, os sertanejos de Canudos foram subjugados por tropas governamentais em 05 de outubro de 1897, pondo fim a um dos movimentos de massa mais marcante da historiografia brasileira.


UM OLHAR SOBRE CANUDOS


No primeiro momento, antes que um olhar pudesse acomodar-se àquele montão de casebres, presos em rede inextricável de becos estreitíssimos e dizendo em que parte a grande praça onde se fronteavam as igrejas, o observador tinha a impressão exata de topar, inesperadamente, uma cidade vasta. Feito grande fosso escavado, à esquerda, no sopé das colinas mais altas, o Vaza-Barris abarcava-a e inflectia depois, endireitando em cheio para leste, rolando lentamente as primeiras águas da enchente. A casaria compacta em roda da praça a pouco e pouco se ampliava, distendendo-se, avassalando os cerros para leste e para o norte até às últimas vivendas isoladas, distantes, como guaritas dispersas – sem que uma parede branca ou telhado encaliçado quebrasse a monotonia daquele conjunto assombroso de cinco mil casebres impactos numa ruga de terra. As duas igrejas destacavam-se, nítidas.


A nova, à esquerda do observador – ainda incompleta, tendo aprumadas as espessas e altas paredes mestras, envolta de andaimes e bailéus, mascarada ainda de madeiramento confuso de traves, vigas e baldrames, de onde se alteavam ar pernas rígidas das cábreas com os moitões oscilantes – erguida dominadoramente sobre as demais construções, assorbebando a planície extensa; e ampla, retangular , firmemente assente sobre o solo, patenteando nos largos muros grandes blocos dispostos numa amarração perfeita – tinha,com efeito, a feição completa de um baluarte formidável. Mais humilde, construída pelo molde comum das capelas sertanejas, enfrentava-a a igreja velha. E mais para a direita, dentro de uma cerca tosca, salpintado de cruzes pequenas e malfeitas – sem um canteiro, sem arbusto, sem uma flor – parecia um cemitério de sepulturas rasas, uma tibicuera triste. Defrontando-as, do outro lado do rio, breve área complanada contrastava com o ondear das colinas estéreis: algumas árvores esparsas, pequenos renques de palmatórias rutilantes e as ramagens virentes de seis pés de quixabeiras davam –lhe o aspecto de um jardim agreste. Aí caía a encosta de um esporão do morro da Favela, avantajando-se até ao rio, onde acabava em corte abrupto. Estes últimos rebentos da serrania tinham a denominação apropriada de Pelados, pelo desnudo das faldas. Acompanhando o espigão na ladeira, que para eles descamba em boléus, via-se, a meio caminho, uma casa em ruínas, a Fazenda Velha. Sobranceava-a um socalco forte, o Alto do Mário.


“CANUDOS ERA A NOSSA VENDEIA”


O significado dessa expressão, que as medidas planeadas pelo general Sólon


Denotavam, portanto, exata previsão de sucessos semelhantes, na luta excepcionalíssima para a qual nenhum autor suíço de um tratado de tática militar delineara regras, porque invertia até os preceitos vulgares da arte militar.


Malgrado os defeitos do confronto, Canudos era a nossa Vendeia (França) e os terrenos alagados emparelhavam-se bem como o jagunço e as caatingas. O mesmo misticismo, gênese da mesma aspiração política; as mesmas ousadias servidas pelas mesmas astúcias, e a mesma natureza adversa, permitiam que se lembrasse aquele lendário recanto da Bretanha, onde uma revolta, depois de fazer recuar exércitos destinados a um passeio militar por toda a Europa, só cedeu ante as divisões volantes de um general sem fama, as colunas infernais do general Turreau – pouco numerosas , mas céleres, imitando a própria fugacidade dos vendeanos, até encurralá-los num circuito de 16 campos entrincheirados.


Não se olhou, porém, para o ensinamento histórico.


É que se preestabelecera a vitória inevitável sobre a rebeldia sertaneja insignificante.


Isso quer dizer que essa luta travada em Canudos, a sua preparação por parte dos generais, era baseada em um conflito que houve na França, e por ter dado certo o general Sólon esperava aqui no Brasil resultado semelhante, ou seja, vitória semelhante.


A CAMPANHA CONTRA CANUDOS “UM CRIME”


Um crime, pois as pessoas que lá se refugiavam queriam apenas uma vida melhor, salvação, ajuda espiritual, isso eles não possuíam fora de lá.


O Brasil estava passando por um momento econômico muito difícil, como já foi salientado.


De um lado estava a camada que possuíam dinheiro, e do outro a camada marginalizada, e com isso surgiu no Brasil diversos conflitos, o qual está Canudos.


Foi uma covardia contra Canudos o que aconteceu, até o pretexto para invadir Canudos foi absurdo, porque o juiz de juazeiro armou uma situação quando recusou-se em entregar a madeira encomendada para a construção da igreja de Canudos . O conselheiro queria apenas a madeira, e o juiz aproveitou-se dessa situação e mandou uma carta para o governado, dizendo de uma invasão dos habitantes de Canudos. Esse foi o estopim da guerra de Canudos.




Fato lamentável, pessoas inocentes pagaram com a vida, pessoas que já sofriam com a fome, seca, enfim com tanta desigualdade social. Um acontecimento bárbaro, um crime contra a nacionalidade.


ASA BRANCA


Quando oiei a terra ardendo
quá fogueira de São João
eu perguntei a Deus do Céu
purquê tamanha judiação




Qui braseiro, qui fornaia
nem um pé de prantação
pru farta dágua perdi meu gado
morreu de sede meu alazão




Inté mesmo o asa branca
bateu asas do sertão
entonce eu disse, adeus Rosinha
guarda contigo meu coração




Hoje longe muitas léguas
numa triste solidão
espero a chuva cair de novo
pra mim volta pro meu sertão




Quando verde dos teus óio
se espaiá na prantação
eu te asseguro, num chore não, viu?
que eu voltarei, viu, meu coração.


ANÁLISE DA LETRA DA MÚSICA ASA BRANCA


A música Asa Branca mostra categoricamente a situação do povo do sertão. Fala da falta de chuvas, consequentemente, não tem como plantar, criar gado, e até mesmo o pássaro típico do sertão foi-se embora. Mostra a situação do homem que tem que deixar a família em busca de trabalho, uma vez que não tem como plantar, criar animais no sertão, então ele parte em busca de uma situação melhor.


Além disso, a música mostra o homem bem distante do sertão, triste, com saudades de sua terra natal, da mulher que deixou para trás. Mas apesar de todo o sofrimento de estar distante, ele espera a chuva cair de novo, o sertão ficar verde para voltar. E esse homem assegura que quando isso acontecer, a mulher não necessita chorar mais, porque ele voltará com certeza.
Essa música é muito interessante, aborda bem a realidade do povo do sertão, que sofre com a seca, muitos tem que partir em busca de sobrevivência, e quando as coisas melhoram, eles voltam novamente, pois acima de tudo amam sua terra.
Uma palavra importante na música é a pergunta que se faz a Deus: o porquê de tanto sofrimento com aquele povo?
A linguagem da música é de acordo com aquela região, ou seja, é uma variante regional. Um fala caipira.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Em primeiro lugar quero dizer que esse trabalho trouxe-me muito conhecimento, é uma obra de difícil leitura, por trazer muitos termos científicos, mas é um livro escrito com muita originalidade, muito rico.
Foi muito importante fazer este trabalho, pois aprendi muito sobre a guerra de Canudos, fatos que desconhecia e é muito importante conhecer a história do nosso Brasil.
Na minha visão de leitora da obra Os Sertões, pude observar que a guerra foi um acontecimento trágico; e o estopim um acontecimento banal.
A obra Os Sertões, de Euclides da Cunha (1902), vem relatar esse fato, com o intuito de denunciar um crime contra nossa nacionalidade.
Canudos era habitado por todos os tipos de pessoas, mas a grande maioria era mulato ou caboclo, Antônio conselheiro era o chefe supremo.
Essas pessoas viviam de forma comunitária. Este modelo sócio econômico era uma atração constante para milhares de sertanejos esfomeados que viam no arraial a possibilidade de viverem livres de extrema opressão da corte e viam no líder espiritual de Antônio Conselheiro a salvação da alma.
Para os sertanejos o arraial era a “terra prometida”. Para os poderes latifundiários era um reduto de fanáticos assassinos que precisavam ser destruídos para o bem das pessoas consideradas de bem.
A igreja oficial perdia os seus adeptos e os coronéis sua mão-de-obra praticamente gratuita. Isso eles não podiam perdoar. E o governo para atender os interesses desses grupos resolveu exterminar Canudos, e esta tragédia aconteceu entre 1896 a 1897.
Euclides da Cunha vem retratar esse acontecimento, na obra Os Sertões.












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