01. Com essa história enjoada de traiu, de Capitu ser anjo ou demônio, o leitor de Dom Casmurro acaba se esquecendo do fundamental: as mémorias são do velho narrador, não da mulher, e o autor é Machado de Assis, e não um escritor romântico dividido entre mistérios.
Aceitas as observações acima, o leitor de Dom Casmurro deverá:
a)identificar o ponto de vista de Capitu, considerando ainda o universo próprio da ficção naturalista.
b)aceitar os juízos do velho narrador, por meio de quem se representa a índole confessional de Machado de Assis.
c)rejeitar as acusações do jovem Bentinho, preferindo-lhes a relativização promovida pelo velho narrador.
d)reconhecer os limites do tipo de narrador adotado, subordinando-o ao peculiar universo de valores do autor.
e)relativizar o ponto de vista da narração, cuja ambigüidade se deve À personalidade oblíqua de Capitu.
02. Assinale a única alternativa em que os elementos em destaque podem ser substituídos pelo pronome lhe:
a)Caso a senhora cometesse a indiscrição de ler estas páginas a alguma menina inocente[...]
b)[...] uma coisa é sentir a impressão que se recebeu de certos acontecimentos, outra comunicar e transmitir fielmente essa impressão.
c)[...] antes queria desistir do meu propósito, do que desdobrar aos seus olhos esse véu de pontinhos, manto espesso[...]
d)[...] e um editor escrupuloso quisesse dar ao pequeno livro passaporte para viajar das estantes empoeiradas aos toucadores perfumados...
03. "Galileu duvidou tanto de Aristótels quanto das Escrituras."
A mesma noção expressa pelo par sublinhado está também em :
a)A criança tanto chorou que a mãe comprou o brinquedo
b)Quer você queira , quer não , partimos amanhã
c)Não só o argumento é falso , como o discurso todo mente
d)Ele apresentou de tal forma os fatos que convenceu a todos
e)Ele mais bradou que verdadeiramente lutou contra a opinião pública
04. Os atuais simuladores de vôo militares estão em condições não apenas de exibir uma imagem "realista" da paisagem sobrevoada , mas também de confrontá-la com a ...............................obtida dos radares.
O termo que preenche adequadamene a lacuna no texto:
a)iconologia
b)iconoclastia
c)iconofilia
d)iconolatria
e)iconografia
05. Indique a alternativa em que a aproximação estabelecida está correta.
a)O lirismo de Gregório de Matos é conflitivo e confessional; o de Cláudio Manuel da Costa é sereno e impessoal.
b)A ficção regionalista, imatura no século XIX, ganhou força ao abraçar as teses do determinismo científico, no século XX.
c)José de Alencar buscou expressar nossa diversidade cultural - projeto que só a obrade Machado de Assis viria a realizar.
d)A terra paradisíaca, em Gonçalves Dias, é projeção nacionalista; a Pasárgada, de Manuel bandeira, é anseio intimista.
e)A figura do malandro, positiva em Manuel Antônio de Almeida, é o alvo de Mário de Andrade em sua sátira Macunaíma.
06. Quando eu estava na escola médica de Boston , tive a sorte de fazer parte de um pequeno grupo de estudantes que se reuniu informalmente com um célebre cardiologista , homem na casa dos oitenta anos. Num dado momento, um dos estudantes comentou com certa apreensão que as doenças cardíacas eram a causa número um de morte no Estados Unidos .O velho professor pensou sobre isso por alguns instantes e depois replicou: "O que é que você preferia ter como causa número um de morte?"
[David Ehrenfeld,A Arrogância do Humanismo]
A réplica do sutil professor ao estudante sugere que:
a)a especialização do saber aprimora a visão de conjunto.
b)o avanço tecnológico nem sempre implica humanização.
c)a fixação no poder da ciência faz esquecer seus limites.
d)a modernização apressada costuma obrigar a recuos.
e)a pesquisa perseverante contorna os maiores obstáculos.
Texto para as questões 07 e 08
"Navegar é preciso , viver não é preciso". Esta frase de antigos navegadores portugueses, retomada por Fernando Pessoa , por Caetano Veloso sabe-se lá por quantos mais citadores ou reinventores , ganha sua última versão no âmbito da informática , em que o termo navegar adquire outro e preciso sentido.
Na nova acepção , em tempos de internet , o lema parece mais afirmativo do que nunca. Os olhos que hoje vagueiam pela tela iluminada do monitor já não precisam nem de velas,nem de versos , nem de fados:a vida só querem o cantinho de um quarto , de onde fazem o mundo flutuar em mares de virtualidade nunca dantes navegados.
Considere as seguintes afirmações :
I. A significação das palavras constitiu um processo dinâmico e supõe o reconhecimento histórico de seu emprego.
II. As expressões "velas ","fados"e "nunca dantes navegados" ligam-se ao contexto primitivo do velho lema.
III. Desligando-se de suas raízes históricas ,as palavras apresentam-se esvaziadas de qualquer sentido.
07. Conforme se pode deduzir do texto , está correto o que se afirma
a)apenas em I e II.
b)apenas em I e III.
c)apenas em II e III.
d)apenas em I .
e)em I, II e III.
08. Indique a afirmação correta em relação ao texto:
a)O efeito sonoro explorado na sequência de "vagueiam ","velas","versos","vida","virtualidade" é conhecido como rima interior
b)A construção "Os olhos(...) já não precisam " é exemplo de metonímia
c)O termo "vagueiam" está empregado o sentido de "norteiam" e é exemplo de personificação
d)Na frase "Navegar é preciso , viver não é preciso" há um pleonasmo
e)A construção "nem de velas , nem de versos , nem de fados" apóia-se em antíteses
09. Identifique a alternativa em que o termo em destaque completa o sentido do verbo:
a)Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde.
b)Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolenteuma cabeça de mulher?
c)Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária.
d)No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha.
e)Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.
10.
I. A manobra psicológica do narrador-protagonista mostra que as lembranças obsessivas perdem a força, quando o seu culto as eleva a uma respeitosa distância.
II. A paisagem paulistana é percorrida pelo olhar ingênuo de quem busca reconhecimento e esbarra no oficialismo autoritário.
As afirmações I e II referem-se, respectivamente, aos seguintes contos de Mário de Andrade (Contos Novos):
a)"Vestida de Preto" e "Primeiro de maio"
b)"Peru de natal" e " Frederico Paciência"
c)"O ladrão" e "Frederico Paciência"
d)"Peru de natal" e " Primeiro de maio"
e)"Vestida de preto" e " O ladrão"
11. As formas verbais do futuro do subjuntivo e do futuro do indicativo na frase:
“Quando realizarmos o nosso acorde, então seremos usados na harmonia da civilização.” expressam, respectivamente, uma probabilidade e uma certeza.
Assinale a alternativa em que ocorre a mesma correlação de formas verbais:
a)Ninguém que seja verdadeiramente [...] deixará de ser nacional.
b)[...] esse despaisamento é mais ou menos fatal, não há dúvida num país primitivo e de pequena tradição como o nosso.
c)O dia em que nós formos inteiramente brasileiros e só brasileiros, a humanidade estará rica de mais uma raça [...]
d)As raças são acordes musicais. Um é elegante, discreto, cético. Outro é lírico, sentimental, místico e desordenado.
e)Pois é preciso desprimitivar o país [...].
12. Rememorando o papel de sua geração , dizia o artista: "Nós não estavámos , apenas , na exposição; nós éramos a exposição."
Alterando-se a ordem das palavras , frase do artista NÃO tem seu sentido alterado em:
a)Apenas , nós não estávamos na exposição ; nós éramos a exposição".
b)"Nós não estávamos ; apenas na exposição nós éramos a exposição."
c)"Nós não estávamos na exposição apenas nós ; éramos a exposição."
d)"Nós não apenas estávamos na exposição ; nós éramos a exposição."
e)"Nós não estávamos na exposição ; nós éramos apenas a exposição."
13. Indique a alternativa que se refere corretamente ao protagnista de Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
a)Nele, como também em personagens menores, há o contínuo e divertido esforço de driblar o acaso das condições adversas e a avidez de gozar os intervalos da boa sorte.
b)Este herói de folhetim se dá a conhecer sobretudo nos diálogos, nos quais revela ao mesmo tempo a malícia aprendida nas ruas e o idealismo romântico que busca ocultar.
c)A personalidade assumida de sátiro é a máscara de seu fundo lírico, genuinamente puro, a ilustrar a tese da "bondade natural", adotada pelo autor.
d)Enquanto cínico, calcula friamente o carreirismo matrimonial; mas o sujeito moral sempre emerge, condenado o prõprio cinismo ao inferno da culpa, do remorso e da expiação.
e)Ele é uma espécie de barro vital, ainda amorfo, a que o prazer e o medo vão mostrando os caminhos a seguir, até sua transformação final em símbolo sublimado.
14. "Quando o velho acabou de escrever a sua narrativa exclamei: - Tenho a impressão de que o senhor deixou as pernas embaixo de um automóvel, Seu Ribeiro. Por que não andou mais depressa? É o diabo."
A correta contextualização da passagem acima no romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, permite afirmar que:
a)as lamúrias do velho coronel prendem-se a um mundo mais autoritário, vencido pelas idéias modernas que deram origem e sustentação ao poder de Paulo Honório.
b)Seu Ribeiro buscara inutilmente acompanhar o ritmo do progresso, já que lhe faltava o instinto empreendedor capaz de realizar sua aspiração de ser um grande proprietário.
c)a brutalidade de Paulo Honório não exclui a modernização e a técnica, de que também se vale para triunfar sobre um mundo em que seu Ribeiro já tivera prestígio.
d)o oportunismo de Paulo Honório leva-o a preterir os serviços do antigo agregado em favor da jovem Madalena, a quem incumbe de equipar e modernizar a velha escola.
e)o universo de valores do velho Major desorganizou-se em função da velocidade do mundo moderno, ao qual tampouco se adapta o primitivismo de Paulo Honório.
15. Naquele exato momento, sentiu o peso da responsabilidade. Sabia que o pai o chamara para aquela conversa com a intenção de saber dele o que pretendia fazer da vida, passados os primeiros dias de euforia pela conclusão do curso. Feita a pergunta, de modo claro e objetivo, só conseguiu responder que começaria o mais breve possível a ladainha das entrevistas que tinha marcado nas clínicas que visitara há meses.
Os verbos que indicam corretamente a sucessão cronológica dos fatos narrados são, nessa ordem:
a)sabia – sentiu – chamara
b)pretendia – sentiu – sabia
c)tinha marcado – sentiu – visitara
d)chamara – sentiu – começaria
e)consegui responder – sentiu – tinha marcado
16. Indique a afirmação correta sobre o Auto da barca do inferno, de Gil Vicente:
a)é intrincada a estruturação de suas cenas, que surpreendem o público com o inesperado de cada situação.
b)É complexa a crítica aos costumes da época, já que o autor é o primeiro a relativizar a distinção entre o Bem e o Mal.
c)O moralismo vicentino localiza os vícios não nas instituições, mas nos indivíduos que fazem as vicosas.
d)A ênfase desta sátira recai sobre as personagens populares, as mais ridicularizadas e as mais severamente punidas.
e)A sátira é aqui demolidora e indiscriminada, não fazendo referência a qualquer exemplo de valor positivo.
17. "A casa que papai alugara não ficava na praia exatamente, mas numa das ruas que a ela davam e onde uns operários trabalhavam diariamente no alinhamento de um dos canais que carreavam o enxurro da cidade para o mar do golfo." [ Mário de Andrade]
No período acima, o segmento "que a ela davam e onde" pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido original do período por:
a)"para a cuja iam, nas quais"
b)"que lhe conduziam, aonde"
c)"à qual cortavam, em cuja rua"
d)"que nela desembocavam, rua em que"
e)"nela terminavam, às quais"
18. Assinale a alternativa em que a correlação de tempos e modos verbais NÃO é adequada ao contexto:
a)Ainda aparecerá no Congresso alguém disposto a apresentar um projeto que fixe conseqüências para aqueles que enganem a sociedade.
b)Tudo leva a crer que nesses cruzamentos de culturas a situação das áreas coloniais apresente um convívio de extremos.
c)Não há dúvida de que , nos traumas socias , os sujeitos da cultura popular sofrem abalos graves.
d)More alguém nos bairros pobres da periferia de uma cidade grande e verá no que resultou essa condição do migrante.
e)A sua conduta será de inconformismo e violência , até que um dia certas condições poderiam reconstituir sua vida familiar.
19. Por força das teses deterministas que abraça em sua ficção, Aluísio Azevedo:
a)subordina as marcas subjetivas de suas personagens às influências diretas do meio e da raça a que pertencem.
b)revela-se um autor otimista quanto à possibilidade de os miseráveis reverterem historicamente sua situação.
c)acredita que a cultura popular, por ser mais espontânea e criativa, superará os modelos da cultura letrada.
d)faz com que as personagens triunfantes sejam aquelas cujas virtudes morais se imponham sobre o poder econômico.
e)é um autor pessimista, pois está convicto de que os bons instintos naturais são abafados na vida aristocrática
20. Pode ser substituída por dissensão , sem que se altere o sentido da frase apresenta , apenas a palavra sublinhada em :
a)A disparidade de oportunidades dificulta a concretização de uma verdadeira democracia
b)Os que se envolvem na discussão do assunto não chegaram a um acordo
c)A mudança acelerada dos costumes levou à dissolução da familia
d)A dissimulação das verdadeiras intenções não lhe garantiu chegar aos fins desejados
e)A discordância entre as opiniões inviabilizou qualquer acordo.
Pontuação instantânea:
01 - D 02 - D 03 - C 04 - E 05 - D
06 - C 07 - A 08 - B 09 - B 10 - D
11 - C 12 - D 13 - A 14 - C 15 - D
16 -C 17 - D 18 - E 19 - A 20 - E
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