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Libâneo Tendências Pedagógicas



Conforme Libâneo (2003) as diferentes Tendências Pedagógicas (Liberal e Progressista) representam uma contínua transformação filosófica e política que interfere nas relações educativas.

As Tendências Pedagógicas do cunho Liberal são representadas pelas seguintes tendências: Liberal Tradicional, que utiliza métodos de exposição e demonstração verbal de conteúdos através de modelos; Liberal Renovada, que está diretamente relacionada ao movimento da Escola Nova, trazendo métodos que consideram o aluno como sujeito da aprendizagem, onde o professor não ensina, mas auxilia o aluno a aprender (prática muito rara), e Tecnicismo Educacional, que utiliza métodos compatíveis com a orientação política, econômica e ideológica do regime militar vigente, caracterizando-se pela utilização de manuais técnicos e pela racionalização do ensino.
As Tendências Pedagógicas de cunho Progressista são representadas pelas Teorias Críticas de Educação, que buscam uma escola articulada com os interesses concretos do povo: Libertadora, que utiliza métodos centrados nas discussões de temas sociais e políticos, e Crítico-Social dos Conteúdos, que confronta conhecimentos sistematizados com experiências sócio-culturais e a vida concreta.

Hoje, é possível vislumbrar ambas tendências (Liberal e Progressista) nas atuais práticas de ensino. Apesar do antagonismo destas tendências, as mesmas se mesclam na prática educativa atual. Isto ocorre porque o sistema educacional foi "fundado" pela Pedagogia Liberal Tradicional, tendência vigente na época em que o sistema de ensino começava a se organizar e se padronizar, e representava os interesses das classes dominantes (sistema operante nos dias de hoje). Conforme Martins (2001), na história da educação brasileira predominou, por alguns séculos, o ensino denominado tradicional, que consistia em transmitir conhecimentos que deveriam ser memorizados e depois repetidos ao professor, por meio de provas e testes para verificar o aprendizado; e isto ocorre nos atuais sistemas de ensino, principalmente em séries mais avançadas da educação, ao mesmo tempo em que são utilizadas propostas centradas nos interesses dos/as educandos/as.

Apesar dos "estilhaços" da Pedagogia Liberal Tradicional, presentes nos atuais sistemas de ensino, as novas Tendências Pedagógicas Progressistas vêm ganhando, pouco a pouco, espaço para serem inseridas em práticas (um tanto tímidas) que garantem um aprendizado significativo e complexo sobre o novo paradigma do conhecimento, que, segundo Morin (2001), se define como a articulação entre as disciplinas levando à articulação dos saberes. A palavra que melhor define este novo paradigma é interdisciplinaridade, que muito bem se insere na teoria da complexidade.

Surge outra questão que resulta desta reflexão, do ponto de vista da profissão do educador: por que é tão difícil mudar o sistema educacional se os/as professores/as também não estão satisfeitos com a realidade educacional que se apresenta? Buscando uma resposta, encontramos, nas palavras de Gadotti (2003), uma de tantas justificativas que pode haver para esta dificuldade: a resistência do professor em construir um novo sentido para a profissão. Ele afirma que "enquanto não construirmos um novo sentido para a nossa profissão, sentido esse que está ligado à própria função da escola na sociedade aprendente, esse vazio, essa perplexidade, essa crise, deverão continuar". Ou, seja, vislumbrando a sociedade como uma sociedade aprendente e proporcionando ações efetivas de mudanças de atitudes, isto muito contribuiria para a concretização do novo paradigma do saber. No professor também estão impregnados os estilhaços das práticas pedagógicas tradicionais, e, mesmo que se dizem renovadores, construtivistas, libertadores, ainda carregam cicatrizes do seu próprio processo educativo.

Portanto, as diferentes Tendências Pedagógicas (Liberal e Progressista) concretizam as atuais práticas de ensino. O paradigma educacional liberal versus o paradigma educacional progressista coabitam um sistema de ensino porque, historicamente, um surge a partir do outro e, conseqüentemente, um não existe sem o outro.

Prática Educativa, Pedagogia e Didática
“A intuição sem conceito é cega, enquanto o conceito sem intuição é vazio” (Kant)*

Ao iniciarmos nossos estudos sobre Didática precisamos ter em mente que esta disciplina faz parte de um conjunto maior que é a Pedagogia. Esse importante segmento tem como objeto de estudo o processo de ensino, não só aquele que ocorre na escola, como também toda prática educativa que ocorre na sociedade de um modo geral.
Com este texto nossos objetivos são:

Compreender a didática como um ramo de estudo específico da Pedagogia;
Justificar a subordinação do processo didático à finalidade educacional;
Indicar os conhecimentos necessários para orientar a ação pedagógico-didática na escola;

Iniciaremos nossa discussão conceituando primeiramente: Pedagogia e Didática.

Segundo Libâneo (1994):

Pedagogia:
É a ciência que estuda a teoria e a prática da educação e os seus vínculos com a prática social global;
Didática:
Estuda os objetivos, conteúdos, meios e as condições do processo de ensino, tendo em vista finalidades educacionais. A Didática é, portanto, uma disciplina pedagógica;
A atividade principal dos professores é o ensino, e é visando essa atividade que se mobilizam os conhecimentos pedagógicos gerais e específicos.[1]

Agora a definição segundo Haidt (1995):

“A Pedagogia é o estudo sistemático da educação. É a reflexão sobre as doutrinas e os sistemas de educação. A didática é uma seção ou ramo específico da Pedagogia e se refere aos conteúdos do ensino e aos processos próprios para a construção do conhecimento. Enquanto a Pedagogia pode ser conceituada como a ciência e a arte da educação, a Didática é definida como a ciência e a arte do ensino.”[2]





Então, se a Didática é uma disciplina pedagógica, devemos utilizá-la com a finalidade de aprimorar nossos conhecimentos para a efetivação de uma aprendizagem sem fraturas. Sabemos que o relacionamento humano é por muitas vezes complicado, porém quando o professor consegue utilizar a teoria na prática, seu trabalho é otimizado.

PRÁTICA EDUCATIVA E SOCIEDADE

A prática educativa é intrínseca à sociedade e busca fornecer aos indivíduos os conhecimentos que os tornam aptos a atuarem no meio social.
Num olhar mais abrangente, vemos que o ato de educar pode ocorrer em qualquer instituição ou atividade social (igreja, clube, partidos políticos, etc.). Já em sentido estrito a educação ocorre em instituições específicas com o único objetivo de ensinar (escolas, universidades, etc.)

“Os estudos que tratam das diversas modalidades de educação costumam caracterizar as influências educativas como não-intencionais e intencionais.”[3]

EDUCAÇÃO NÃO INTENCIONAL

São influências do contexto social e também do meio-ambiente sobre os indivíduos. É uma educação informal, mas que influencia na formação humana.

Por exemplo:
Família
Trabalho
O clima sócio-cultural da sociedade


EDUCAÇÃO INTENCIONAL

É a prática em que há intenções e objetivos conscientes. É a educação escolar e extra-escolar, seja ela feita pelo professor, pai ou outro adulto que objetive ensinar algo, seja na escola, na tv, no rádio, ou na internet.
Dentro da educação intencional há a educação formal, que é a que ocorre nas instituições escolares e similares e a educação não-formal que ocorre em outras instituições como movimentos sociais, meios de comunicação de massa, etc.
Essas “educações” se interpenetram, refletindo diretamente no contexto social, sendo parte integrante das relações sociais, políticas, econômicas e culturais da sociedade.
A educação está subordinada à estrutura de organização da sociedade (no Brasil a sociedade é organizada por classes sociais).
A educação é determinada pelos valores, normas e particularidades da estrutura social à qual está subordinada.
A nossa sociedade é capitalista e basicamente dividida em duas partes: a classe dominante: os capitalistas e a classe dominada: os trabalhadores. A classe dominante dissemina sua ideologia (idéias, valores e práticas), por meio da educação, para a classe dominada. Mas como as relações sociais são dinâmicas, também a classe de trabalhadores pode elaborar e organizar seus interesses e formular objetivos e meios do processo de ensino.
A responsabilidade social das escolas e do professor, portanto, é muito grande. A eles cabe a tarefa de escolher a concepção de vida e sociedade que deve ser conhecida pelos alunos e quais os conteúdos e métodos lhes propiciam esse conhecimento, para que o aluno venha a atuar junto à sociedade conscientemente.

EDUCAÇÃO, INSTRUÇÃO E ENSINO

Nós professores, sempre falamos em educação. Mas o que é educação?

Conforme Haidt (1995):
“(...)a educação é uma manifestação da cultura e depende do contexto histórico e social em que está inserida. Seus fins variam, portanto, com as épocas e as sociedades. ´Não há grupo humano, por mais rudimentar que seja sua cultura, que não empreenda esforços, de um ou de outro tipo, para educar suas crianças e jovens`.”[4]
Já sabemos que a educação pode acontecer de forma intencional e não-intencional, ou seja, pode ocorrer de forma sistemática ou de forma assistemática.
Agora, “Enquanto a educação pode se processar tanto de forma sistemática como assistemática, o ensino é uma ação deliberada e organizada. Ensinar é a atividade pela qual o professor, através de métodos adequados, orienta a aprendizagem dos alunos.”[5]
Assim, Libâneo (1994) diz:

Educação: é um conceito amplo que se refere ao processo de desenvolvimento da personalidade social e do caráter. É a instituição social que se ordena no sistema educacional num determinado momento histórico. É produto, ou seja, resultado obtido da ação educativa. É também um processo, já que constitui transformações, tanto no sentido histórico como na formação de personalidades.

Instrução: é a formação intelectual e o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas mediante o domínio de certo nível de conhecimento sistematizado.

Ensino: são ações, meios e condições para se efetivar a educação.[6]

Existe uma relação entre ensino, instrução e educação a partir do momento em que, por meio do ensino, o indivíduo seja instruído, ou seja, adquira conhecimentos úteis para a formação de sua personalidade (educação), para que estes conhecimentos tornem-se princípios reguladores da ação desse indivíduo frente à realidade em que vive.

EDUCAÇÃO ESCOLAR, PEDAGOGIA E DIDÁTICA

Quando falamos em educação escolar, estamos nos referindo ao ensino. É por meio dele que conseguimos transmitir os conhecimentos e experiências vivenciados através dos tempos.
E quem vai investigar a natureza das finalidades da educação, assim como os meios de levar o indivíduo a atuar de maneira consciente e responsável em sociedade, é a Pedagogia. Esta estuda: a educação, instrução e o ensino, utilizando-se para isso de outros ramos de estudo como a Didática, que é o principal ramo de estudos da Pedagogia, que investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino.
À didática cabe converter os objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecendo o vínculo entre ensino e aprendizagem.




Então, meu caro leitor, existe uma estreita relação entre a Didática e os outros campos do conhecimento pedagógico que não podemos esquecer. Por exemplo: a Filosofia e a História da Educação ajudam na reflexão em torno das teorias educacionais. A Sociologia da Educação ajuda os professores a reconhecerem as relações entre o trabalho docente e a sociedade. A Psicologia da Educação estuda os aspectos do processo de ensino e aprendizagem, o que contribui para a orientação educativa dos alunos.[7]

A DIDÁTICA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO PROFESSOR

Sobre este tópico faremos uma discussão mais aprofundada futuramente, mas por hora devemos saber que para que um professor esteja apto a lecionar, ou seja, coordenar com eficiência o processo de ensino, deve passar por um processo de formação profissional. Esse processo de formação profissional é chamado de processo pedagógico, que deve ser intencional e organizado de preparação teórico-científica e técnica.
Formação teórico-científica: é a formação acadêmica nas disciplinas específicas e na formação pedagógica que envolve os conhecimentos gerais em Filosofia, Sociologia, História, etc.
Formação técnica: consiste na preparação profissional para a docência. Inclui o estudo da Didática, das metodologias específicas e da Psicologia da Educação.
Você acha que esta divisão significa um distanciamento entre prática e teoria?
Não, esta separação de conceitos não significa que teoria e prática caminhem isoladas, pelo contrário, deve sempre haver uma interligação entre elas.
As disciplinas de formação técnica não se reduzem ao domínio de técnicas e regras, mas sim implicam aspectos teóricos que fornecem à teoria aspectos da prática.
A didática é a disciplina que faz a interligação entre as bases teórico-científicas da educação escolar e a prática docente.
Não pense que a formação profissional depende somente de vocação natural ou de experiências práticas, mas sim de uma sólida formação teórico-prática.
O domínio das bases teóricas do conhecimento em articulação com o conhecimento das exigências da prática, permite maior segurança profissional.
Sendo assim, a Didática tem como objeto de estudo o processo de ensino que, por sua vez, é uma atividade conjunta do educador e dos educandos com a finalidade de prover condições e meios pelos quais os alunos assimilem conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções.[8]
Observe que o aluno não pode ser moldado, mas sim orientado para que seja capaz de ser reflexivo, original e enriquecedor de sua vida pessoal e social.