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ANALISE DA OBRA , O MULATO.


Análise do Livro

No ano de 1881, a cidade de São Luís do Maranhão ficou em alvoroço quando membros da alta sociedade local se identificaram com a história de "O Mulato" e se afastaram da família do autor como retaliação. Aluísio de Azevedo abordou dois temas sensíveis em sua obra: o racismo e a corrupção do clero. O herói do romance, Raimundo, expõe abertamente a intolerância racial.

Quando criança, Raimundo deixou o São Luís e acompanhou para Lisboa. Ele era órfão de pai, um ex-comerciante português, e estava afastado de sua mãe, Domingas, uma ex-escrava de seu pai. Depois de passar anos na Europa, Raimundo retorna ao Brasil formado e decide voltar para São Luís para reencontrar seu tutor e tio, Manoel Pescada.

Raimundo é bem recebido pela família de seu tio e chama a atenção de sua prima, Ana Rosa, que em certo momento declara seu amor por ele. No entanto, essa paixão correspondida enfrentou três obstáculos: o pai de Ana Rosa, que deseja que a filha se case com um dos funcionários da loja; a avó Maria Bárbara, uma mulher racista e rancorosa; e o cônego Diogo, frequentador da casa e inimigo natural de Raimundo.

Os três conhecem as origens africanas de Raimundo, sendo o cônego Diogo o mais determinado a impedir a união, uma vez que ele foi responsável pela morte do pai do jovem. A história é a seguinte: após o nascimento de Raimundo, seu pai, José Pedro da Silva, se casou com Quitéria Inocência de Freitas Santiago, uma mulher branca. Desconfiando da atenção especial que José Pedro dedicava ao jovem Raimundo e à escrava Domingas, Quitéria ordena que a escrava seja açoitada e tenha suas partes íntimas queimadas. Desesperado, José Pedro leva o filho para a casa de seu irmão em São Luís. Ao retornar à fazenda e acreditar que Quitéria ainda estava escondida na casa de sua mãe, José Pedro ouve vozes em seu quarto. Ao invadir o quarto, ele surpreende Quitéria e o padre Diogo em adultério. Desonrado, o pai de Raimundo mata Quitéria, tendo Diogo como testemunha. Esse evento cria um pacto de cumplicidade entre os dois devido à culpa do adultério e do homicídio. Diante dessa tragédia, José Pedro abandona a fazenda, vai para a casa de seu irmão e adoece. Após se recuperar, José Pedro decide voltar à fazenda, mas é emboscado e morto no caminho. Enquanto isso, o padre Diogo começa a se infiltrar lentamente na casa de Manoel Pescada.

Raimundo desconhece todos esses acontecimentos. Quando adulto em São Luís, sua principal preocupação é descobrir suas origens e, por isso, ele insiste com seu tio para visitar a fazenda onde nasceu.


Durante uma viagem a São Brás, Raimundo começa a descobrir informações sobre suas origens e pede insistentemente ao tio para poder se casar com Ana Rosa. Depois de várias recusas, Raimundo descobre que a rejeição se deve à cor de sua pele.

Ao retornar a São Luís, Raimundo se muda da casa de seu tio e decide voltar para o Rio. Ele confessa seu amor por Ana Rosa em uma carta, mas acaba não partindo. Apesar das proibições, Raimundo e Ana Rosa planejam fugir juntos. No entanto, a carta principal é interceptada por um cúmplice do cônego Diogo, o caixeiro Dias, que trabalha para Manoel Pescada e é um pretendente persistente, mas rejeitado, da mão de Ana Rosa.

No momento da fuga, os amantes estão acomodados. O escândalo se arma, com o cônego como o principal responsável. Desolado, Raimundo se retira e, ao abrir a porta de casa, é atingido por um tiro pelas costas. Com a arma emprestada pelo cônego, Dias assassina seu rival. Ana Rosa sofre um aborto.

No entanto, seis anos depois, vemos Ana Rosa saindo de uma recepção oficial, acompanhante pelo Sr. Dias e preocupada com os "três filhinhos que ficaram em casa, dormindo". A vida seguiu seu curso, mesmo após todas as tragédias que assolaram a história de Raimundo e Ana Rosa.

Embora Raimundo tenha sido tirado prematuramente de suas mãos, Ana Rosa conseguiu encontrar algum conforto ao lado do Sr. Dias. Apesar das circunstâncias infelizes que levaram ao relacionamento com eles, Ana Rosa decidiu seguir em frente e construir uma nova vida.

Os três filhos que ela menciona são frutos desse relacionamento com o Sr. Dias. Apesar de tudo o que aconteceu, Ana Rosa encontrou alguma felicidade em sua nova família, cuidando e preocupando-se com seus filhos.

Enquanto isso, a sociedade em São Luís continua a ser marcada pela intolerância racial e pelos preconceitos arraigados. A história de Raimundo e Ana Rosa, embora trágica, serviu como uma denúncia poderosa dessas questões sociais, levantando questões sobre racismo, corrupção e desigualdade.

A obra "O Mulato" de Aluísio de Azevedo deixou um legado importante, pois revelou as feridas sociais profundas presentes naquela época e ecoa até os dias atuais. Ao expor as injustiças e desigualdades enfrentadas pelos personagens, o autor convida os leitores a refletir sobre a importância da igualdade, da empatia e do combate ao preconceito.

Embora a história tenha sido marcada por tragédias, a coragem e a luta por amor e justiça permanecem como elementos inspiradores. Raimundo e Ana Rosa, cada um à sua maneira, buscaram desafiar as normas sociais opressivas e lutar por um futuro melhor.

Assim, a análise da obra "O Mulato" revela não apenas uma história de amor proibido e suas consequências devastadoras, mas também uma crítica contundente à sociedade da época. É um convite à reflexão sobre as questões sociais e morais que ainda permeiam nosso mundo, instigando-nos a buscar a mudança e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.