Contexto Histórico
O Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo-Naturalismo, estando, portanto, marcado pelos ideais cientificistas e revolucionários do período. Diz respeito, especialmente, à poesia da época, opondo-se ao subjetivismo e ao descuido com a forma do Romantismo. O nome Parnaso diz respeito à figura mitológica que nomeia uma montanha na Grécia, morada de musas e do deus Apolo, local de inspiração para os poetas. A escola adota uma linguagem mais trabalhada, empregando palavras sofisticadas e incomuns, dispostas na construção de frases, atendendo às necessidades da métrica e ritmo regulares, que dificultam a compreensão, mas que lhes são característicos. Para os parnasianos, a poesia deve pintar objetivamente as coisas sem demonstrar emoção.
Alberto Oliveira
Antonio Mariano Alberto de Oliveira nasceu em Palmital de Saquarema, Província do Rio de Janeiro, em 1859 e faleceu em Niterói em 1937. Estudou Medicina, mas abandonou o curso no terceiro ano, diplomando-se, mais tarde, em Farmácia. Voltou-se ao magistério, exercendo vários cargos: Diretor Geral da Instrução Pública, Professor de Português e Literatura Brasileira. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras (1897) e, em 1924, foi eleito "príncipe dos poetas brasileiros". Assistiu, ainda em vida, à sua própria glorificação.
Alberto de Oliveira escreveu sobre uma variedade de temas. Sua poesia, inicialmente, com laivos românticos, se firma como parnasiana com Sonetos e Poemas. Coelho Neto aponta-o como o "Laconte de Lisle brasileiro", mas Alberto de Oliveira não mergulha no objetivismo frio do mestre. Sua constância ao Parnasianismo 06ml se deve à fidelidade às leis métricas e à tendência à descrição. Os recursos estilísticos que emprega são: o hipérbato, o polissíndeto, a repetição de palavras, os símbolos e alusões mitológicas, muitas vezes, combinados ou ligados entre si.
Nos primeiros livros entrega-se aos rigores do movimento, porém aos poucos, vai se libertando, dedicando-se aos temas nacionais.
Olavo Bilac
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu no Rio de Janeiro em 1865 e faleceu no mesmo local em 1918. Fez o primário no Colégio do padre Belmonte, no Rio de Janeiro, e por insistência do pai começou a estudar Medicina aos 15 anos, abandonando-a no quinto ano. Estudou Direito em São Paulo e sem concluir o curso, retornou ao Rio de Janeiro. Dedicou-se às letras e, em 1902, foi secretário de Campos Sales na viagem à Argentina; em 1906 secretariou a Conferência Pan-americana do Rio de Janeiro; em 1907 foi secretário do Prefeito do Distrito Federal. Participou ativamente das demonstrações de civismo e conscientemente desempenhou o papel de poeta cívico, promovendo uma campanha em prol do serviço militar obrigatório. Foi abolicionista e republicano, ficou preso por 6 meses na fortaleza de Laje, durante o governo de Floriano Peixoto; livre, exilou-se em Minas Gerais. Autor da letra do Hino à Bandeira, escreveu poemas infantis e livros didáticos e, em 1913, foi eleito o primeiro "príncipe dos poetas brasileiros".
Olavo Bilac é o poeta mais popular do Parnasianismo, destaca-se pelo devotamento ao culto da palavra e ao estudo da língua portuguesa. Os recursos estilísticos que mais emprega são: a repetição de palavras, o polissíndeto e o assíndeto (separados ou conjugados), suas metáforas e comparações são claras. Um de seus temas preferidos é o amor, associado, geralmente, à noção de pecado, cantado sob o domínio do sentimentalismo, fugindo às características parnasianas, como se pode observar nos 35 sonetos de Via Láctea. As estrelas têm presença marcante em seus versos, ora aparecem como confidentes, ora como testemunhas ou conhecedoras do mistério da vida.
A criança, também, recebe atenção, dedica-lhe quadras infantis em que o mundo juvenil aparece idealizado, destituído de misérias, ressaltando o aspecto doméstico, patriótico e nobre. Por isso, acaba sendo aclamado "o poeta da criança". Outros temas prediletos são a guerra e a pátria. O patriotismo é cantado ternamente, a ponto de assumir a forma de propaganda do progresso e bem estar nacional. A preocupação com temas nativistas se manifesta em O Caçador de Esmeraldas e é bem executada em Tarde, notadamente, nos poemas Pátria, Música Brasileira, Pesadelo e Iara. Seus versos contêm uma poesia pobre em imagens, mas rica em sentimento, voluptuosidade e morbidez, o que parece justificar sua fulgurante consagração. Poesias, seu primeiro livro, traz o poema Profissão de Fé. esmero em metrificação, servindo de exemplo do verso parnasiano.
Raimundo Correia
Raimundo da Mota Azevedo Correia nasceu a bordo do vapor São Luís, na costa do Maranhão, em 1859, e faleceu em Paris em 1911, durante viagem para tratamento da saúde. Fez o curso secundário no colégio Pedro II e cursou Direito em São Paulo, ingressando na magistratura. Foi professor de Direito em Ouro Preto e diretor do Ginásio de Petrópolis. Secretariou a legação brasileira em Lisboa. Seu trabalho foi repetidamente publicado em antologias escolares, especialmente, o poema As Pombas.
Raimundo Correia não se preocupa em dar cor local e aproxima-se mais da paisagem européia. Seus poemas, embora façam parte do Parnasianismo, apresentam estilo sóbrio, demonstrando execução apurada, recoberta de objetividade, distante da pomposidade vocabular. Sua poesia está cheia de sombras e luares, revelando dor e amargura. Por vezes, os poemas transmitem sensações complexas, provocadas pela musicalidade dos versos e pelo emprego de sinestesias a ponto de seus últimos trabalhos se aproximarem da estética do Simbolismo. Sua poesia é descritiva, voltada à exaltação da forma e à Antigüidade Clássica.
Em Sinfonias (1883), algumas composições se destacam como parnasianas: As Pombas, Mal Secreto, Plena Nudez e Vinho de Hebe.
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